O que faz um analista de mercado de setembro a janeiro?

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Muita gente acredita que os analistas de mercado de futebol trabalham apenas durante as janelas de transferência, mas a realidade é bem diferente: fora desses períodos, há muito trabalho a ser feito. Primeiro, é importante lembrar que algumas janelas de transferências só se encerram após setembro. Um bom exemplo é a Austrália, cuja janela fecha apenas em meados de outubro. Eu gosto de pensar no mercado como um funil, começando de uma abordagem mais ampla para uma mais específica. A próxima grande janela é em janeiro, e é fundamental entender como atuar em cada uma delas. Nos EUA e no Brasil, por exemplo, a janela de janeiro é uma época de reestruturação dos clubes, quando muitos jogadores são dispensados para dar lugar a novas contratações. Portanto, é importante começar a apresentar seus jogadores já em outubro e novembro. Esta costuma ser uma janela movimentada, com muitas negociações, inclusive de grandes contratações. Já na Europa, a janela de janeiro é mais voltada para ajustes. Ela geralmente serve para a saída de atletas que não corresponderam às expectativas, seja de forma definitiva ou por empréstimo de seis meses, e para contratações pontuais – como a substituição de jogadores lesionados ou a exploração de oportunidades de mercado. É, normalmente, uma janela mais fria e de contenção de gastos. Depois de entender o cenário das janelas, o segundo passo para o analista é definir sua área de atuação e trabalhar no fortalecimento do seu networking. Se a área for a Europa, é importante estar preparado para conversar em inglês, espanhol, italiano, e francês, para ampliar as conexões em diversas ligas. Se o foco for o mercado sul-americano, há muitas oportunidades para construir contatos. Só no campeonato paulista, por exemplo, da série A1 até a série A4, existem mais de 60 clubes para se conectar. O terceiro passo é estudar as ligas onde se atua, mesmo que você já seja um especialista. Mudanças podem ocorrer a qualquer momento, como foi o caso da extinção do Bordeaux, na França. Um bom analista precisa conhecer essas mudanças e ter um plano de carreira bem definido para seus atletas. É fundamental saber em que ligas seu jogador pode atuar, qual o próximo passo após uma boa temporada, e quais mercados são mais fortes e fazem mais contratações. Após estudar as ligas, é essencial estudar os clubes com os quais você tem relacionamento, entendendo suas necessidades específicas de elenco. Um exemplo recente é o PSV (Holanda), que perdeu seus dois laterais-esquerdos por lesão e precisou buscar urgentemente uma nova contratação. É muito mais eficaz chegar ao clube com uma solução, como "Tenho um lateral-esquerdo que pode ajudar", do que apenas perguntar "De que vocês precisam?". Portanto, o trabalho do analista não para: é preciso manter e expandir constantemente o networking, estudar ligas, clubes e jogadores, e estar sempre pronto para apresentar soluções assertivas. Espero que a última janela de transferências tenha sido ótima para todos. Desejo a vocês um excelente período de estudos e até breve!


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